Quem faz

ALEXANDRE PAVAN – Pesquisa e textos

Foto: Cacalo Kfouri

Jornalista e pesquisador, autor dos livros “Timoneiro – Perfil Biográfico de Hermínio Bello de Carvalho” (Casa da Palavra, 2006), “Populares & Eruditos” (escrito em parceria com Irineu Franco Perpetuo) e “Samba, a cara do Brasil” (Edições Pueri Domus, 2009). Entre 2004 e 2014, foi roteirista de programas musicais da TV Cultura, entre eles “Mosaicos”, “Cultura Livre” e “Imagem do Som”. Foi coordenador da digitalização do Acervo Hermínio Bello de Carvalho, redator da “Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras”, produziu o livro-CD “Bateria e Contrabaixo na Música Popular Brasileira” (Lumiar, 2003), dos músicos Gilberto de Syllos e Ramon Montanhaur, e coproduziu o álbum “Divino Samba Meu” (CPC-Umes, 2004), da cantora Dona Inah. Atualmente, em parceria com a musicista Thaís Nicodemo, trabalha na pesquisa do livro “Meu piano – álbum biográfico de Ivan Lins”. “Essas gravações nos ajudam a lembrar que, além de sua imensa importância como divulgadora da cultura caipira – tema que prevaleceu nas últimas três décadas de sua carreira – Inezita foi uma musicista completa. Instrumentista habilidosa e cantora de grande domínio técnico, ela entoou de tudo dentro do amplo espectro da música brasileira: sambas, cocos, serestas e modas de viola. Também foi pioneira em lançar canções de Waldemar Henrique e Hekel Tavares, compositores que se equilibravam entre o popular e o erudito. Ainda na década de 1950, como estrela do rádio e televisão, colocou na pauta dos programas os temas folclóricos e as cantigas tradicionais que ela própria recolhia em suas pesquisas. Tudo isso está nas fitas, uma Inezita por inteiro”, explica Pavan.

 

ALOISIO MILANI – Coordenação

Foto: Cacalo Kfouri

Jornalista, produtor musical e pesquisador. Trabalhou na TV Cultura entre 2008 e 2015 como roteirista e produtor do Viola, Minha Viola”, de Inezita Barroso, até há pouco tempo considerado o mais antigo programa brasileiro de música e a maior audiência das emissoras públicas. Participou com o diretor Nico Prado, da produção do único DVD comercial de Inezita e ainda da homenagem póstuma à cantora na Sala São Paulo com mais de 50 artistas reunidos. Integrou a curadoria colegiada da Virada Cultural 2015 da cidade de São Paulo, quando o Palco República homenageou a cantora. E hoje, com autorização da herdeira Marta Barroso, trabalha com iniciativas para guarda e difusão do acervo da cantora. Também foi amigo de Inezita. Sua relação de amizade e trabalho com a cantora lhe ajudaram a estabelecer diálogos e a reunir informações sobre o universo musical da artista. Atualmente, é editor de textos e gestor na área musical. “A vida de Inezita é múltipla e com várias moradas musicais. A mais abrangente é a do folclore brasileiro. Para adentrar nesse mundo por uma janela instantânea, basta ouvir as fitas de rolo que ela, com o cuidado de bibliotecária, gravou e guardou. Anotações e os sons das 39 fitas mais antigas de seu espólio nos levam para um mundo musical esquecido no passado. De cocos, cantigas, modas de viola, orquestras, solos, com entrevistas públicas e momentos privados. O gravador de Inezita é esta soleira da porta artística. A casa sonora de Inezita se mostra ainda mais por meio de seus discos preferidos, seus parceiros, seus ídolos. Assim, se entende um pouco mais como lavrava seu repertório e lapidava sua interpretação. Ou como ela buscava criar – parafraseando o título do long play que ela tanto adorava – a ‘Inezita em todos os cantos’ “, conta Milani.

 

CACALO KFOURI – Limpeza e recuperação das fitas e do gravador

Foto: Alexandre Pavan

Aos 70 anos, jornalista há 41, apreciador de música desde pequeno, tem uma discoteca com mais de 3 mil LPs e outro tanto de CDs, além de mais de 100 fitas de rolo em perfeito estado. Sua ligação com Inezita vem de longe – ela cantou músicas de autoria de seu tio-avô Marino Gouvêa. Além disso, foi sua irmã Maria Luiza Kfouri quem levou a artista para a Rádio Cultura, na Fundação Padre Anchieta, dando sequência à sua longa trajetória no rádio. Quanto à parte técnica, equipamentos de som sempre o atraíram. Fez Engenharia Eletrônica na FEI. Tem, hoje, um equipamento da mais alta qualidade, do qual faz parte um gravador de rolo Akai GX280D, no qual foram testadas e reproduzidas as fitas de Inezita Barroso. Tem ferramentas profissionais para emendá-las e ajudar na limpeza e preservação. Foi responsável pela primeira audição de todas as fitas e posterior limpeza e recuperação delas. Poucas estavam audíveis sem que fossem feitas limpeza e também emendas, pois quebravam com frequência durante a audição. Muitas ganharam novas emendas, pois as que existiam foram feitas com fita durex, um material inadequado para esse tipo de suporte. Feito todo o trabalho necessário na recuperação restaram 39 fitas devidamente tratadas e catalogadas. Fez parte do trabalho, também, a recuperação de um gravador Akai 4000D, que era de propriedade de Inezita. ¨Em relação ao que ouvi, tenho a dizer que é difícil dizer do que gostei mais, se das gravações musicais ou se as de assuntos pessoais, tais como a “radionovela” sobre o descobrimento do Brasil, o piquenique com a filha e amigas no Parque da Água Branca, as aulas para crianças, o lado ser humano de Inezita Barroso, que me fazia chorar de emoção quando, eu ainda criança, ouvia Lampião de Gás cantada por ela¨, diz Kfouri.

 

LUIZ BOAL – Produção executiva

Foto: Acervo pessoal

Sócio da produtora Olhar Brasileiro Produções Artísticas. Nos últimos anos, produziu e desenvolveu inúmeros trabalhos na área cultural. Entre 2004 a 2011, coordenou o Circuito Positivo, patrocinado pela Editora Positivo, realizando mais de mil sessões das peças ¨Bonequinha de Pano¨ e ¨O Romance do Pavão Misterioso¨ em centenas de cidades do Brasil e também no Japão. Em 2011 assumiu a coordenação administrativa do Instituto Augusto Boal. No ano de 2012 coordenou o projeto Oficina de Coisas e Reparos, site interativo com a participação de Hermínio Bello de Carvalho, e, no mesmo ano, produziu o espetáculo Zumbi, com direção de João das Neves, no Centro Cultural Banco do Brasil. Em 2014 coordenou a produção do espetáculo Crônicas de Nuestra América no Teatro Oi Futuro-Flamengo e o show Aracy de Almeida – A Rainha dos Parangolés, dirigido por Hermínio Bello de Carvalho, com o cantor Marcos Sacramento e o violonista Luiz Flávio Alcofra. Em 2015 produziu o espetáculo Rosa de Ouro – 50 anos, no Teatro Sesc Ginástico, show que comemorou o cinquentenário do lendário musical que lançou nomes como Paulinho da Viola e Clementina de Jesus. Em 2016 coordenou o projeto Hermínio Bello de Carvalho: Uma Rosa Para O Poeta, outra comemoração, dessa vez ao cancioneiro do poeta, compositor e produtor carioca. No projeto No Gravador de Inezita, participou da sua concepção e formatação e posteriormente foi um dos responsáveis pela questão relacionada aos direitos autorais junto aos artistas e herdeiros. Foi feito todo um amplo trabalho de pesquisa para conseguir encontrar muitos herdeiros de músicos que apareceram no acervo de áudio de Inezita. ¨Por existirem muitas gravações caseiras e, em sua grande parte, inéditas, algumas situações demandavam a troca de informações com os herdeiros para que eles pudessem também entender o contexto das gravações. Em alguns momentos essa cumplicidade foi de extrema importância, legitamando o nosso trabalho¨, conta Boal.

 

LUIZ RIBEIRO – Tratamento de áudio, mixagem e masterização

Foto: Cacalo Kfouri

Compositor, arranjador, violonista e produtor, Luiz Ribeiro é formado em violão e composição pela ECA-USP (Universidade de São Paulo). Trabalhou com grandes nomes da música brasileira como Dori Caymmi, Zélia Duncan, Toninho Horta, Milton Nascimento, Ivan Lins, dentre outros. Há 15 anos é sócio fundador do Casa Aberta, um estúdio de criação musical, mixagem e produção de áudio onde desenvolve trilhas sonoras e produção musical de discos. Luiz tem larga experiência em captação, edição, tratamento de áudio, além de mixagem e masterização, tendo atuado também na recuperação do acervo sonoro de Ivan Lins e de Hermínio Bello de Carvalho. O estúdio comandado por Luiz Ribeiro é equipado com aparelhagem analógica e digital de ponta tanto para a mixagem como para o tratamento e restauração de áudio. ¨Como já fizemos alguns trabalhos semelhantes com acervos de áudio, fomos convidados para digitalizar, restaurar e tratar o áudio, editar e mixar/masterizar o material do acervo de Inezita Barroso que estava registrado em fitas de rolo. Foi um grande prazer poder fazer parte desse trabalho imprescindível para a memória musical brasileira e conviver, mesmo que virtualmente, com essa imensa artista que foi e é Inezita¨, fala Ribeiro.

 

MARTA BARROSO – Consultoria de conteúdo

Foto: Cacalo Kfouri

Formada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Marta é filha de Adolfo e Inezita. O período mais intenso dos primeiros anos de carreira da mãe-cantora coincide com a primeira infância de Marta. A filha possui os primeiros registros sonoros de sua vida gravados nas fitas magnéticas de rolo recuperadas pelo projeto Rumos Itaú Cultural. Nas reuniões familiares gravadas, a menina Marta canta algumas músicas da mãe, como ¨Por causa dessa cabocla¨ (Ary Barroso/Luiz Peixoto), ¨João Balalão¨ (domínio público) e ¨Lampião de Gás¨ (Zica Bergami). Filha única de Inezita, Marta não hesita em citar as músicas que mais gosta: ¨Canto da Saudade¨ (Alberto Costa), ¨Ismália¨ (Capiba/Alphonsus de Guimarães) e ¨Temporal¨ (Paulo Ruschell). ¨Adoro as antigas¨, diz a filha e herdeira Marta Barroso.