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Trecho do programa “Carnavais antigos”, apresentado por Almirante

Durante muitos anos, as músicas do carioca Noel Rosa (1910-1937) estiveram presente no repertório de Inezita, especialmente em seus recitais de início de carreira. No entanto, apesar de sua grande admiração pela obra do compositor, a cantora gravou em disco uma única música de Noel, o samba "Último desejo", registrado no LP "Inezita Barroso e Evandro e seu Regional" (1979). Há duas explicações para isso: uma delas diz respeito ao foclore, que desde muito cedo despertou o interesse da artista. Ao se profissionalizar, ela procurou investir na imagem de cantora-pesquisadora, interpretando temas de inspiração mais regional e música caipira, repertório no qual se tornaria uma especialista. O outro motivo envolve Aracy de Almeida. Em 1953, em sua primeira grande temporada no Rio de Janeiro, Inezita se apresentou na famosa Boate Vogue. Os anúncios dos shows nos jornais exploravam a origem familiar quatrocentona da artista: "Inezita Barroso, da sociedade paulista para a sociedade carioca. Na época, a estrela da Boate Vogue era a veterana Aracy de Almeida que, além de se apresentar regularmente naquele palco, tinha sido amiga de Noel e era considerada a principal intérprete e divulgadora do compositor de Vila Isabel. Com sua tradicional falta de papas na língua, Aracy logo provocou: "Quem é essa grã-fininha mascarada para cantar Noel?". A desavença foi tema de reportagens na imprensa, mas elas logo se entenderam e até viraram amigas. No entanto, coincidentemente ou não, a partir dali, a presença das músicas Noel nos shows de Inezita se tornaria cada vez mais esporádica. Nesta fita, Inezita gravou do rádio um trecho do programa "Carnavais antigos", no qual o apresentador Almirante comenta algumas gravações da obra de Noel: "As pastorinhas" (Noel Rosa/ João de Barro); "Pierrô apaixonado" (Noel Rosa/ Heitor dos Prazeres), com Joel e Gaúcho; "É bom parar" (Rubens Soares/ Noel Rosa), com Muraro; "Positivismo" (Noel Rosa/ Orestes Barbosa), com o próprio Noel. A voz de criança que se ouve ao fundo na gravação é de Marta, filha de Inezita.

Fita 11